quarta-feira, 22 de julho de 2015

Helpless?

Eu ouvi dizer que você anda precisando de um amigo, mas quem seria seu amigo se é você quem sempre os afasta? Não há mais tempo para isso. Vai chegar o dia em que você não poderá mais cobrir seus erros com as mangas do casaco.

Eu ouvi que você está encontrando problemas em achar seu lugar no mundo... Eu entendo você, por que você sou eu e eu sou você. É tão fácil se culpar, não? Perder a esperança não é uma opção, garota. Pelo menos não uma boa opção.  Eles nos deixaram sozinhas no meio de uma tempestade, bem quando a eletricidade foi cortada...

- Tenho medo do escuro!

Estavam ocupados demais para se importar.

terça-feira, 21 de julho de 2015

O resto de nós.

Uma criança perdida no escuro. Talvez não tão criança. Talvez não tão perdida. Talvez não tão escuro. Apenas um fim de tarde chuvoso. 

Uma pena, lindas cicatrizes em veias críticas.  Às vezes música nos diz mais que tudo. Nesse fim de tarde chuvoso, não consigo ver o céu. 

De dentro desse quarto, a cama fica longe demais da janela para ver o céu. Minha casa se resume a uma cama na maior parte do dia. 

Sinto uma dor familiar. Aquele aperto na garganta de quando se quer chorar e não se consegue... 

Pergunto-me se sou alguém, se eu sumisse hoje alguém se lembraria em dez... Quinze anos? Talvez sim, talvez não. Quem sabe? 

E pela primeira vez em meses sinto falta do beijo frio e acolhedor de uma lâmina contra a minha pele irregular, devido as cicatrizes. Uma pena, linda cicatrizes em veias críticas. 
Acredito que essa seja a definição mais verdadeira de uma viciado, como sentir falta de algo que te faz tão mal?


Acho que não choro de tristeza há semanas, mais de um mês com certeza. E enquanto isso sinto a tristeza se depositar, como um líquido pesado em uma alma um dia leve...

quinta-feira, 9 de julho de 2015

"I gotta stay high all my life to forget I miss you..."

Perder a habilidade de andar. Se tornar o mais dependente possível das pessoas. É querer ir para casa, mas não ter ninguém lá. Não ouço nada além do barulho dos pingos de chuva tocando o chão. Nada está indo do jeito que eu imaginei e tudo está uma bagunça. É uma noite fria, mas não tão fria como eu me tornei… Não sei qual foi a primeira vez que me vi de verdade, como o monstro que sou, mas sei que foi cedo. Antes dos dez anos com certeza. Antes do sete anos talvez. Entretanto, não foi sem ajuda que me tornei, ou quem sabe eu já fosse, o que sou hoje. Seus sussurros foram claros. Talvez fosse algum tipo de ajuda torta ou talvez tenha sido simples crueldade, mas isso nunca saberemos.

“Qual é o peso da culpa que carrego nos braços?”

Agora você já não mais sussurra em meus ouvidos, mas sua presença é tão forte quanto sempre foi. Você me entortou e me abandonou, agora estou sozinha e isso pode ser extremamente perigoso. Não estou dizendo nada que você não saiba. Você apenas não se importa, não é? Entre cicatrizes nascidas do encontro de uma lâmina fria com minha pele um dia infantil e as cicatrizes que você me deixou e vou sempre escolher o beijo frio, porém acolhedor da lâmina.

Esse post não deveria ser sobre você, mas acabou se tornando sutilmente, passando pelas brechas da minha mente. Eu sei que sou uma decepção para você, mas se quer saber… você também é. Se você um dia ler isso, saiba que eu tentei de todas as formas te perdoar, mas percebi que era impossível, no meio do caminho. Eu tento não pensar na dor que sinto por dentro.

E mesmo que eu tenha crescido, quando você grita ou me diminui, me faz sentir como aquela garotinha gordinha que apanhava de você sempre que se recusava a comer. Mas eu não sou mais aquela garotinha e você continua a mesma pessoa, você diz que não, mas eu vejo no seu olhar que é mentira. Não que você o faça de propósito, você apenas não saberia conviver com a verdade.

E nessa carta que você nunca irá receber lhe agradeço com alguma ironia pelo acolhimento mais duradouro  e verdadeiro que recebi de você, 40 semanas no seu útero.

Obrigada… mãe.